sábado, 4 de julho de 2015

Maluca

(imagem: nonozinha.spaceblog.com.br)
Ele chegou em casa meio cabisbaixo, quieto. Estava mesmo cismado com aquela mulher que parecia deixá-lo nu, mesmo vestido. Como, raios, ela poderia ver a sua alma daquele jeito??? Apoiou-se no encosto do sofá, tirou os sapatos e meias, que por ali mesmo ficaram. Jogou a camisa numa cadeira próxima e seguiu pro banho, já abrindo a calça. Tentava evitar, mas não conseguia deixar de pensar naquela maluca! E pensou... Pensou que ela sabia o que o incomodava como ser humano e de que modo agia diante disso, como quando se indignava com política e se mantinha ponderado, pra poder expor suas ideias depois. Ou quando tinha uma namorada e a tratava como uma rainha. "Mas é claro que sim! Pois toda mulher é, mesmo, uma rainha! E se estiver comigo, caramba, merece tratamento Vip!" Enquanto a água ia caindo, ele pensava e pensava... e chegou um momento, até, em que ele, nervosamente, esfregou o rosto com as duas mãos, fazendo um barulho qualquer com a voz, como se esse gesto fosse capaz de tirá-la dos pensamentos. Ela nem era tão atraente assim, portanto, não era uma opção tentar conquistá-la. Era uma boa companhia, talvez. Não mais do que isso. Mas a maluca sabia o que dizia... Como se tivessem nascido ao mesmo tempo e nunca mais tivessem desgrudado. "Mas que merda!!! Ela nem me conhece!!! Como pode me conhecer tanto sem me conhecer de fato??? OOOO meu Deus... OOOO meu Deus..." Desligou o chuveiro, vestiu qualquer coisa, ligou a TV, mas foi incapaz de prestar atenção em qualquer coisa que fosse. Então, foi deitar-se, sem explicações. Talvez, o momento requeresse apenas compreensão, sem explicação. Ou, talvez, fosse mesmo melhor uma boa noite de sono, que a vida não é feita de malucas e maluquices, nem espera pra ver o que vai acontecer. Apagou a luz, cobriu a cabeça e esperou chegar o dia seguinte, pra esquecer tudo e retomar a vida. Segura e normalmente. Segura... e normal... mente. Magaly Arruda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário